A ausência de Projecto Educativo de Estabelecimento e de Projecto Educativo de Sala não nos possibilitou uma linha orientadora para a escolha temática.
Assim sendo, o plano da actividade teve por base, principalmente, o diagnóstico de situação efectuado através da observação (participada e não participada) feita às crianças e aos trabalhos expostos na sala. Para além disso, recorremos ao diálogo com as crianças e com a educadora cooperante, a fim de apurar as necessidades e os interesses do grupo, para que a nossa resposta fosse dada nesse sentido.
A primeira parte da actividade foi escolhida tendo em conta o interesse das crianças por experiências na área das ciências. Numa conversa com o grupo, descobrimos que no ano passado realizaram várias experiências com líquidos, inclusive, no início deste ano, e sentimos empenho e motivação por parte delas. A escolha de diversos corantes para demonstrar melhor o resultado da experiência teve por base o nome da sala (Arco-íris) e a aprendizagem já realizada, no início do ano pela educadora, da mistura das cores.
Na segunda parte da actividade, a utilização de cartões e de esferovite está directamente relacionado com o projecto Eco-Escolas no qual o Colégio está inserido, de maneira a sensibilizar as crianças para a reutilização de materiais de desperdício. O efeito decorativo de Natal resulta da aproximação da quadra festiva, sendo este um meio de ligação da nossa actividade com a família, visto a criança levá-lo para casa.
Enquadramento curricular
Sendo a sala Arco-íris uma sala de transição, optámos por uma actividade (1ºparte) directamente relacionada com o Ensino Experimental das Ciências pois “as crianças estão em idade óptima para uma genuína aprendizagem de atitudes e competências de investigação e experimentação, que terão uma importância fundamental em futuras aprendizagens e na sua formação” (SÁ & VARELA, 2007, p. 16), ao longo do 1ºciclo e do seu percurso escolar.
Segundo as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Experimental está incluído na “Área do Conhecimento do Mundo e deverá permitir o contacto com a atitude e metodologia própria das ciências e fomentar nas crianças uma atitude científica” (M.E., 1997, p. 82) e reflexiva.
Na segunda parte da actividade (elaboração do efeito decorativo e aproveitamento dos corantes usados na experiência anterior), recorremos ao domínio da Expressão Plástica porque “a diversidade e acessibilidade dos materiais utilizados permite [à criança] outras formas de exploração” (M.E., 1997, p. 62). Neste caso, o esferovite de várias cores possibilitou “escolher e utilizar diferentes formas de combinação”(M.E., 1997, p. 62) existindo uma ligação com as aprendizagens feitas anteriormente na sala (mistura de cores).
Por fim e através do domínio da Abordagem à Escrita, as crianças escreveram no verso do efeito decorativo o seu nome, “não se tratando de uma introdução formal, mas de facilitar a emergência da linguagem escrita” (M.E., 1997, p. 65) e o contacto com o código linguístico, tão importante nesta etapa de transição.
Enquadramento teórico
Importância do Ensino Experimental das Ciências
Sá & Varela (2004) afirmam que a prática reflexiva das crianças é promovida em contexto de sala, através de actividades significativas e enriquecedoras.
O Ensino Experimental das Ciências possibilita a construção do conhecimento e de um pensamento crítico na criança. Segundo Bruner (1976), a formulação de problemas é essencial para motivar as crianças nas suas actividades. Neste caso, o ensino experimental é realizado através de questões-problemas que levam a experiências práticas.
A implementação do ensino experimental da ciência é importante desde muito cedo, pois leva a que as crianças fiquem sensibilizadas para a ciência e para os fenómenos que acontecem à sua volta.
O Ensino Experimental pretende uma transversalidade de conhecimentos, interligando todas as Áreas de Conteúdo. É importante estimular a criança para a comunicação oral através do ensino experimental, pois torna-se necessário discutir sobre as observações e os resultados obtidos.
Esta prática pretende transformar as crianças em pequenos cientistas curiosos com competência para a acção. Assim, as crianças serão mais perspicazes na resolução de problemas, na capacidade de resolver conflitos e manter relações, no desenvolvimento do espírito crítico, na tomada de decisões e na capacidade de expressão e comunicação.
Importância da Expressão Plástica
Segundo Bessa (1970, p. 38) “a educação artística está realmente a serviço da Educação quando se atribui à actividade criadora um exercício legítimo […] que deve ser planeado e organizado segundo as necessidades naturais da criança”.
As explorações sensoriais são importantes para a libertação das tensões e para o desenvolvimento da motricidade fina. O domínio da plasticidade e a resistência dos materiais leva a uma progressiva actividade criadora.
“Uma aprendizagem centrada na compreensão da arte permite à criança uma constante e inovadora experiência que lhe possibilita adquirir um conjunto de competências capazes de enriquecer a sua personalidade” (Oliveira, 2007, p. 67).
A livre exploração de meios de expressão gráfica e plástica contribui não só para despertar a imaginação e a criatividade das crianças, como também lhes possibilita o desenvolvimento da destreza manual, a descoberta e a organização progressiva de volumes e superfícies.
Note-se ainda que as crianças também deverão desenvolver as suas capacidades expressivas através da utilização de diferentes materiais e técnicas, ampliando assim o seu campo de experiências e o domínio de outras linguagens expressivas pois, tal como afirma Brittain & Lowenfeld (1975, p. 163), “el uso de un material artístico como tema debe simepre tomar la forma de una exploración y experimentación com las distintas cualidades de dicho material […]”.
Importância da Abordagem à Escrita
A Abordagem à Escrita no Pré-Escolar é fundamental na preparação da criança para o 1ºciclo. “É um processo complexo e fascinante em que a criança, através da interacção com os outros, (re) constrói, natural e intuitivamente, o sistema linguístico da comunidade onde está inserida, i. e., apropria-se da sua língua materna” (Nunes et al., 2008, p. 11). Na sala do Pré-Escolar, é extremamente importante que exista uma grande diversidade de livros, de diferentes tipos narrativos, gráficos e ilustrativos e que seja feito uso profícuo desses materiais, com o intuito de melhorar o código linguístico das crianças e a sua própria compreensão com o mundo. Segundo Mata (2008, p. 14), nessa comunicação “é essencial a participação e apoio não só dos adultos que lhe são próximos (pais, educador, etc), como também dos próprios colegas”.
Referências
Bessa, M. (1970). Artes plásticas entre as crianças. Brasil: Editora Livraria José Olympio
Brittain W. & Lowenfeld, V. (1975). Desarrollo de la capacidad creadora. Buenos Aires: Editorial Kapelusz
Bruner, J. (1976). Uma nova teoria de aprendizagem. 4ª Edição. Brasil: Bloch Editores
Mata, L. (2008). A descoberta da escrita: textos de apoio para educadores de infância. Lisboa: Ministério da Educação - DGIDC
Ministério da Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar. Lisboa: M.E./DEB–NEPE.
Nunes, C.; Silva, A. & Sim-Sim, I. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância: textos de apoio para educadores de infância. Lisboa: Ministério da Educação – DGIDC
Sá, J. & Varela, P. (2004). Crianças aprendem apensar ciências – uma abordagem interdisciplinar. Porto. Porto Editora
Sá, J. & Varela, P. (2007). Das ciências experimentais à literacia – Uma proposta didáctica para o 1º ciclo. Porto: Porto Editora
Oliveira, M. (2007). A expressão plástica para a compreensão da cultura visual: saber (e) educar. Porto: ESSE de Paula Frassinetti
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